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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Eugène Delacroix, A Liberdade Guiando o Povo (Museu do Louvre)
Fonte da Imagem: Própria
Não vou falar de política, nomeadamente de quem poderia ou deveria ter ganho as eleições em França.
O foco da minha análise baseia-se sobretudo numa temática que passa pela ausência de líderes mobilizadores e capazes de arrastar atrás de si os eleitores. Este é um dos dramas dos países da União Europeia e até da própria instituição. Numa época em que se fala tanto, mas tanto, de liderança, são cada vez menos os indivíduos a fazer jus ao conceito. Tantos "gurus" da temática e tão poucos Líderes...
Os franceses aperceberam-se disso, aperceberam-se de que o jogo político do costume tinha de acabar, um pouco à semelhança do que aconteceu nos Estados Unidos da América com a eleição de Donald Trump. Resta agora saber se, Macron ou Le Pen, estarão também à altura dos desafios, pois serão mais que muitos numa nova realidade europeia e mundial. Os franceses provaram que os velhos líderes, herdeiros da lição do pós-guerra, da era da prosperidade e do dinheiro fácil não eram a solução para os problemas da sociedade actual, sobretudo a francesa.
A Macron, apesar da ligação a Hollande, resta esperar pela capacidade mobilizadora, que tem de ir mais longe e não se servir só do discurso anti extrema-direita, até porque estando Le Pen eliminada, esse mesmo discurso deixa de fazer sentido e... os franceses querem mudanças! A Le Pen, não poderei deixar de elogiar a força mobilizadora, a visão menos radical que a do pai e acima de tudo a força, à semelhança de Trump, com que enfrentou o "novo" actor político do mundo ocidental: os media! Em meu entender, mais uma vez, os media foram os grandes derrotados de um jogo que não é o seu mas em que insistem tomar parte.
Em suma, a vencer a segunda volta, Macron encontrará um desafio já assinalado pelo seu compatriota Rousseau e que defendia que "os povos, tal como os homens, só são dóceis na sua infância, com a idade tornam-se incorrigíveis: uma vez que os costumes estão estabelecidos e os preconceitos enraizados, é uma empresa perigosa e vã querer reformulá-los". O povo francês poderá ter, finalmente, aberto espaço para uma mudança. Veremos, contudo, se essa mudança ocorrerá e como poderá se encetada, quer ao nível do Elíseu quer nas ruas e é aí, entre perfume e suor, que se reconhecem os verdadeiros líderes.
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