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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Imagens: Robinson Kanes e GC
Novo dia e mais um pequeno-almoço em Labra - bem rico e o cachopo que ainda por cá continua a dar forças, sem esquecer as vieiras. Não falei das vieiras à Asturiana, mas são qualquer coisa... Casa María é o nome do restaurante, mesmo à beira da AS-114. Simpatia e uma comida divinal.
Mas hoje é dia de colmatar algumas falhas, nomeadamente ir até Tielves e Sotres (Monte Camba) - recomendação dos locais, os melhores conselheiros. Desta vez, deixamos Bulnes... Gostamos de Bulnes quando alcançado pelo caminho da montanha - gastar uma fortuna num transporte sem qualquer vista não nos convence (a nós e a todos os asturianos com quem falámos). A estrada que liga a Tielves e sobretudo a Sotres é por si só um verdadeiro monumento. Sotres, a 1050 m de altitude, é uma das aldeias mais altas das Astúrias e é também aí que o Cabrales tem um dos seus pontos de referência - só isso já justifica a ida, sobretudo depois de não resistirmos ao Cabrales entretando comprado em Cangas de Onìs. Gostamos de Sotres, gostamos daquele vale enorme que nos acompanha e nos transporta para uma espécie de alpes espanhóis... É algo único, e onde as montanhas falam, as pedras têm vida, e isso não conseguimos encontrar nos Alpes que ficam mais ao centro da Europa.
Em Sotres caminhar é a palavra de ordem, caminhar e ter preparação para... Se é para caminhar, então que amemos efectivamente os Picos da Europa e possamos ir conversando com cada pedra, com cada brisa, caso contrário... Será uma simples caminhada. Em Sotres existe uma queijaria... Mais queijo Cabrales? Por favor, Robinson...
É hora de voltar e percorrer caminhos e vales apaixonantes, é tempo de parar em Tielves e fechar os olhos - apertamos as mãos e deixamo-nos descair um pouco na cadeira. De olhos fechados, regressamos aos Lagos de Covadonga e àquela caminhada. É tempo de nos recordarmos do objectivo principal da visita ao local, avistar a águia-imperial-ibérica... Fantástico... Parece que se juntaram de propósito em voos rasgados ou simplesmente a planear para nos agradecerem a nossa presença. Ver aqueles gigantes dos ares é qualquer coisa. Tão perto que praticamente são dispensados os binóculos. Não pensamos em fotografias, queremos simplesmente assistir ao espectáculo e voar. Aquando da partida, pode ser que se tire qualquer coisa.
A preservação desta ave de presa (espécie vulnerável e protegida) está a ter grande sucesso em Espanha, infelizmente em Portugal, nem por isso. Voamos, deixamo-nos voar... Acho que reparam no pin que transporto no exterior da mochila: uma águia-imperial-ibérica! Começam a voar por cima de nós e é mágico. Uma forte neblina, em segundos, abate-se sobre nós, ficamos parados na direcção do ponto de referência para onde queremos ir. No entanto, e estamos nas Astúrias, a neblina desaparece à velocidade que chegou e todo aquele espectáculo revela-se diante de nós, mais uma vez. A experiência repete-se várias vezes... Enchemos a barriga, mas não queremos voltar... Começa a chover, o frio tende a ser mais gelado mas nada nos demove...
Acordamos... Ainda queremos parar em Poncebos e fazemo-nos ao caminho... É hora de descansar um pouco e decidir onde jantar, o que, nas Astúrias, não é propriamente a tarefa mais complicada. Resistimos à Fabada e amanhã é dia de deixar a alta montanha e entrarmos em Uviéu (asturiano), ou se preferirem, Oviedo... Mas, como sempre, temos a sensação que o caminho não será assim tão linear.
Chega a noite, e não descansamos como os pastores, mas o nosso anfitrião consegue que nos sintamos como verdadeiros asturianos no aconchego do seu pequeno hotel.
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