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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Fonte das Imagens: Própria
Um pouco por todo o país, os nossos amigos verdinhos e simpáticos já começam a sair das tocas... Sempre tive um fascínio por estes animais, não fosse lá por casa ter tido durante uns verões consecutivos um amigo que por ali ficava no muro e "afastava" todos aqueles que tentavam passar perto de casa...
Nem os cães o assustavam e lá estava ele, no muro entre um pequeno corredor e as escadas, deitando a sua língua de fora a quem passava - falta de educação? Medo? Poderia ser tudo, mas foi ficando e repetia a estada todos os anos - nem mesmo um jacto de água acidental o afastou.
Como ele, existem outros tantos que por aí estão escondidos, sobretudo entre as ervas ou nos buracos do muros ou das pedras. Não é raro, em muitas caminhados ouvirmos aquele movimento nas ervas e ficarmos a olhar sem nada encontrar: de facto, na maioria das vezes serão pequenos roedores, lagartixas e até cobras, mas os lagartos também não são raros.
Mal amados por muitos, quando entram em casa dos humanos são rapidamente corridos ou mortos, no entanto, o mal que fazem é muito pouco comparado com os humanos. Como muitos outros animais, sobretudo répteis, também os lagartos sofreram com as susperstições e alguma sabedoria popular e religiosa que os fez inimigos das pessoas. No entanto, mesmo quando espojado num qualquer muro, se não fugirem à nossa passagem, ali ficam olhando-nos preguiçosamente e vendo-nos passar.
Será motivo para dizermos a estes companheiros, mas com um sorriso na cara e sem pânico: Lagarto! Lagarto! Lagarto! Ou então sempre podemos ficar assustados e dizer "cobras e lagartos" dos mesmos.
Fonte das Imagens: Própria.
Entre as palavras que mais ouvimos estão estas duas: neblina matinal. Raros são os boletins meteorológicos que deixam a neblina matinal para trás... No entanto, se para uns é uma forma de tornar o despertar mais difícil, para outros é uma daquelas coisas que nos faz saltar da cama e percorrer os campos a pé ou em duas rodas! Equipamento térmico de ciclismo vestido, sapatilhas de encaixe calçadas, travões afinados e aí vamos nós! Ou então sempre podemos calçar as botas, vestir uma camisola quente, umas calças confortáveis e admirar a natureza ainda mais perto.
Quem é que não se recordará de, ao fazer estes percursos singulares, dos poemas de Fernando Pessoa sob o heterónimo de Alberto Caeiro? Quem não será um "guardador de rebanhos" ou aquele que Pessoa tenta descrever em "Hoje de Manhã Saí muito Cedo?"
Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia por caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
assim quero que possa ser sempre —
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
A neblina matinal é inspiradora... Não tem de ser triste... Não tem de ser o início de uma constipação, mesmo que as nossas narinas sintam o aroma e o frio que rapidamente se dissipa se deixarmos que o nosso pensamento se funda na manhã e na paisagem. Deixemos que aquela humidade que nos gela os ossos seja o ar condicionado de um corpo quente em fusão com a natureza. Poderei estar lírico, mas talvez as palavras de Vergílio Ferreira, no seu Conta-Corrente façam sentido quando diz que "a vida é feita, bem o sabemos, de pequenos nadas que é o que mais conta para o nada que somos no fácil e correntio".
Nestas manhãs, os cheiros são sempre diferentes, são sempre mais puros e mais intensos, é comum pela manhã ou ao final da tarde, mas esta humidade faz levantar da terra todo o seu aroma, todo o seu sabor até. O solo fica macio, por vezes os pés ou as rodas da bicicleta enterram-se na areia e como é bom ter de limpar toda aquela lama depois de um percurso por entre caruma, folhas, lama e tudo aquilo que encontramos nestas pequeninas mas tão inspiradoras viagens.
Bom fim de semana... De preferência, com muita neblina...
Uma das imagens mais pitorescas que podemos ter do Inverno são os cogumelos...
Caminhar por entre vales e montes é uma das minhas temáticas preferidas e, uma vez por outra, lá acabo por descobrir autênticas riquezas naturais... Riquezas naturais que me entusiasmam mais que toda e qualquer peça vazia de sentido, de essência e só avolumada na sua importância porque alguém com interesses óbvios lhe decidiu atribuir valor.
Os cogumelos são das coisas mais fantásticas que podemos encontrar pelos campos, preferencialmente os comestíveis, mas também os não comestíveis nos encantam com a sua beleza singular. Tão singular que já dei um verdadeiro "trambolhão" só para me desviar de uma destas preciosidades... Até é normal, tendo em conta que as quedas de bicicleta têm já um extenso espaço na minha história de vida.
Penso que seja impossível ficar indiferente a um cogumelo colorido, perdido pelos campos e ainda refrescado pela neblina que atravessa muitas das serras e campos deste país.
Finalmente, o momento didáctico do dia, cuidado com os cogumelos. A grande maioria não são comestíveis e muito menos se deixem levar pelos mitos ou sabedoria popular em relação a muitos deles. Uma grande fonte de envenenamente advém dessas ideias de que, por exemplo, todos os cogumelos brancos são comestíveis ou que os animais não consomem cogumelos venenosos... Nada mais errado, até porque muitos são os que têm imunidade às toxinas destes. Mortes por evenenamento, voluntário e involuntário, não faltam, até entre algumas figuras históricas - aliás, nas civilizações grega e romana eram uma das armas preferidas.
Este fim-de-semana, aproveitem para umas boas caminhadas por esses campos, sempre respeitando a natureza e acima de tudo com os olhos bem abertos... Nunca se sabe quando estarão diante de nós estas autênticas obras de arte pintadas e esculpidas pelo planeta Terra.
Bom fim-de-semana,
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