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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Tenho lido cada vez mais “artigos”, sobre a importância dos contactos face, por exemplo, ao envio de Curriculum Vitae.
Dizem-nos que é importante ser criativo, é importante sair da multidão e... efectivamente, é bom fazer este ou aquele contacto tendo em conta um objectivo que é chegar àquela posição.
No entanto, parece-me que existe, ou pretende-se fazer existir, sobretudo junto de uma certa camada de actores das redes sociais e de seminários, onde se fala sempre do mesmo (e com resultados mínimos), uma vontade de preconizar como única abordagem o “contacto” confundido muitas vezes com o networking (neste caso, tendo em vista a procura de emprego).
Tive oportunidade de aferir, num artigo publicado num órgão de imprensa de grande tiragem, o seguinte: “Acabe-se já com o suspense: os especialistas em Recursos Humanos são unânimes em dizer que isso é uma perda de tempo. Quem quer arranjar emprego deve apostar quase tudo nos contactos.”.
Falou-se do dinamismo das redes sociais, da importância de se vender a pessoa e de como isso deve ter primazia sobre tudo o resto, tenho para mim que... até sobre a qualidade do trabalho. Mais surreal é ver a defesa e promoção acérrimas dos profissionais de recursos humanos face a esta prática... seria caso para perguntar - se assim for, será necessário a existência de recursos humanos, nomeadamente na área do recrutamento? Estamos perante o indivíduo da bilheteira a defender a máquina de venda de bilhetes...
De facto, passar o dia em redes sociais ou a traficar influências (pesado, mas realista) pode ser interessante, mesmo que o trabalho fique por fazer. Para o indivíduo, até acredito que os resultados possam ser melhores do que os resultados daquele que se entrega a 100% ao trabalho.
Mas será que é assim que conseguimos bons profissionais? A linha entre contactos, “cunha” e tráfico de influências é muito ténue. Pode existir a diferença entre recomendar alguém que trabalhou comigo ou para mim e é óptimo no que faz (pois tive oportunidade de aferir tal coisa) ou então simplesmente recomendar alguém cuja contratação me traz benefícios a mim e a esse indivíduo numa lógica de troca de favores.
Dou um exemplo em que uma conhecida foi contactada por uma profissional de uma empresa de recrutamento e que passo a citar:
Recrutador: Olá amiga, como estás?
Candidato: Tudo bem!
Recrutador: Olha, queres ser TOC (Técnico Oficial de Contas)?
Candidato: Mas isso para mim não dá, não tenho experiência nem formação, além disso não é preciso uma certificação?
Recrutador: Pois! Olha, e conheces alguém que queira?
A linha é ténue e, como tudo, existem aspectos positivos e negativos e o uso que fazemos dos instrumentos é que comprova a eficiência dos mesmos.
Um certo facilitismo (tendência muito em voga), pois os contactos simplesmente vêm ter-nos às mãos, não leva a que esqueçamos elementos básicos de um processo de recrutamento?
Esse mesmo facilitismo não leva a que possamos esquecer candidatos que não se movem numa teia de influências e que podem ser excelentes profissionais?
Esse mesmo facilitismo não corre o risco de nos levar a deixar de parte candidatos com dificuldades económicas, sociais e até convicções éticas em alguns casos?
Fonte da Imagem: http://bhulla-beghal.deviantart.com/art/Monkey-Business-279195885
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