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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Créditos: Amarjeet Kumar Singh/SOPA Images/Lightrocket via Getty Images - https://www.sciencemag.org/news/2020/05/doctors-race-understand-rare-inflammatory-condition-associated-coronavirus-young-people (imagem da exclusiva responsabilidade do autor do espaço)
O que aprendi nos últimos seis meses…
Quando recebi o generoso convite do R., que muito me honra e agradeço, para reflectir sobre o que aprendi nos últimos seis meses, pensei que seria uma boa oportunidade de colocar em palavras escritas o que me vai no pensamento.
E, assim, de repente (ou talvez não!), já passou metade de 2020... um ano diferente... arriscaria, mesmo, dizer que este será, muito provavelmente, o ano mais atípico que a maioria de nós já experienciou...
Fomos brindados com acontecimentos inesperados (inimagináveis) que abalaram, algumas das nossas certezas...
No início do ano, creio que poucos pensariam que este vírus chegaria à Europa... à medida que o tempo foi decorrendo e as imagens do desespero (e da morte), que chegavam de Itália e de Espanha, invadiam os nossos ecrãs, fomo-nos dando conta que isto era "real"... que o"nosso dia" haveria de chegar... era inevitável a chegada do vírus a Portugal... muitos de nós, conhecedores das fragilidades do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) - onde eu me incluo - temeram o pior...
Entretanto, ocorreu o proclamado “milagre Português”, que redundou no cenário que, actualmente, experienciamos…
A verdade é que depois de muito pensar, não creio que tenha aprendido nada de novo nestes últimos seis meses (decorrente da Pandemia) … mas, a verdade é que, constatei muitas coisas que já sabia, nomeadamente:
- O Ser Humano é muito vulnerável e controla muito pouco (ou nada) à sua volta, ao contrário do que muitos pensam;
- O Bem comum deverá sobrepor-se à (minha) vontade individual, ainda que, signifique ter de abdicar da Minha Liberdade de circulação, que tanto prezo;
- Nada é garantido, de um momento para o outro tudo pode mudar “sem aviso prévio” e, por isso, devemos aproveitar o melhor possível o momento presente e não adiar aquilo que consideramos importante;
- O que se torna essencial, em momentos de crise, são as relações de qualidade que estabelecemos com as nossas pessoas e que se revelam à prova de qualquer distanciamento físico;
- A Saúde Mental (tão estigmatizada e desvalorizada) é muito mais frágil (e difícil de manter, sobretudo, em confinamento) do que a Saúde Física;
- As crises não tornam os indivíduos “melhores Pessoas”, apenas evidenciam as suas características mais marcantes, ou seja, tornam-nos mais refinados;
- O Mundo não é cor-de-rosa, não somos todos amigos e não vai ficar tudo bem para todos;
- O Mundo é um lugar repleto de desigualdades, que se evidenciam e acentuam em momentos de crise;
- Há sempre quem esteja pronto a lucrar com a tragédia alheia;
- A memória é curta e os erros cometidos são facilmente repetíveis;
- Há muita gente que não saber viver em sociedade, adoptando comportamentos de risco que fazem perigar a saúde alheia;
- Os profissionais de saúde apenas são reconhecidos e valorizados pelo seu trabalho quando uma crise sanitária se instala e ninguém deseja morrer por ausência de cuidados de saúde!!!
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