Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Imagens: Robinson Kanes
O pequeno-almoço em Paris começa cedo... É hora de calibrar e preparar os cerca de 230 km até Lille. É preciso precaver as paragens em Arras e Lens e claro, a mítica chegada, já depois da capital da Flandres francesa, a Roubaix. Para os amantes de ciclismo, de carro ou de bicicleta, todos perceberão a importância de uma viagem Paris-Roubaix.
Duzentos quilómetros com mil e uma paragens levam-nos a chegar ao anoitecer, sendo que, encontramos uma Lille bastante animada e o milagre de ficar mesmo no centro e ter um lugar para estacionar. Temos também a sorte de passar pela Rue de Gand, uma das mais animadas da cidade e onde está o "Chez la Vieille". Um restaurante apetecível, inclusive no preço. Sempre repleto de comensais, com empregados e clientes simpáticos e manjares deliciosos, onde só as batatas fritas podem provocar algum dano. Cerveja artesanal em abundância e um início de noite perfeito, até porque, estando na Rue de Gand, as cervejas não se ficam por um só sitio. Lembrei-me deste espaço, afinal também ele um monumento da cidade, não só pela comida mas também pela decoração e animação.
A noite prolonga-se e o dia seguinte implica uma visita a um dos mais importantes (e um dos primeiros) museus de França, o Palais des Beaux-Arts de Lille. Belas artes, onde lá voltamos a encontrar Rodin, a grande tendência desta aventura que nos acompanha desde Caen. Uma visita à Casa-Museu Charles de Gaulle e temos a manhã completa, sendo que é possível que um pequeno-almoço seja demorada na medida em que o pão, o queijo e o vinho são qualquer coisa... E ainda bem que não me lembro da queijaria no centro que... Enfim, é melhor nem ir por aí...
Lille, ao contrário do que esperávamos, é uma cidade enérgica, inclusive culturalmente, pelo que também a visita à Ópera não podia faltar. Temos assim tempo para percorrer o centro, nomeadamente La Grand'Place e a Vielle Lille. Todavia, existe apenas um problema... Cuidado com o cartão de débito. Sacos carregados de queijos, pão, livros e enchidos, uma bagagem de porão bem apimentada... Pequenas lojas, bem arrumadas e simpáticas, os edificios antigos e tão característicos da Flandres fascinam-nos. As cores, pequenas esplanadas, tudo se conjuga na perfeição e onde o dia não pode terminar sem apreciar duas das mais belas e imponentes estruturas das cidade: o Hôtel de Ville (câmara municipal) e o seu "Beffroi" (torre sineira). E como não poderia deixar de ser, o colorido e mais pitoresco edifício da cidade, o Palácio da Bolsa ("Vieille Bourse"). Temos a sorte de poder adquirir alguns livros antigos no mercado de velharias que se realiza no claustro.
Gostamos de Lille e vamos sair da cidade com uma boa dose de calorias, sendo que, não contentes com isso, ainda importamos algumas delas para consumo em Portugal. A noite aproxima-se e depois da amizade do dia anterior, voltamos à Rue de Gand, para nos perdermos no "Chez la Vieille". Hoje as cervejas descansam e aproveitamos para um passeio nocturno, está muito calor para as habituais temperaturas da Flandres. O centro fica ainda mais belo, mas o sono já nos começa a atacar depois de tantos quilómetros de estrada.
Chegamos ao nosso último dia na cidade... A prioridade será absorver a transformação de Lille que se está a modernizar fortemente. Uma cidade sustentável que quer ser a grande metrópole fronteiriça (Euralille). Percorremos a novas construções, muitas delas ainda em tosco e acabamos a manhã no Les Halles de Wazammes. No interior não encontramos propriamente um mercado muito barato, e no exterior... No exterior é uma viagem ao Norte de África. É um mercado de imigrantes, e segundo alguns, um espaço apetecível para carteiristas. Sendo que em França e na Argélia "sou" argelino", na Turquia "sou" turco, no norte de África nem sei e no Irão "sou" iraniano, acabei por não sentir grande risco e a alemã também não. Cá fora os produtos são mais baratos e depois de, mesmo em frente ao mercado termos visto um pequeno restaurante gerido por árabes com mais um sem número de argelinos agarrados a uns belos pitéus, não resistimos... Comida óptima, um acolhimento formidável quer pelos proprietários quer pelos clientes e ainda cozinheiras de uma extrema simpatia. Fabuloso... E mais duas horas à conversa!
Por pouco, não esquecemos do nosso passeio pelo Parc de la Citadelle e os seus fabulosos 110ha entre arvoredo e o Deûle. Um dos passeios mais interessantes na cidade, não só pela oportunidade que temos respirar um pouco de ar puro, visitar o Zoo de Lille e encontrar muita gente que aproveita este espaço ao máximo, seja em terra seja no próprio rio que nos dá algumas vistas fantásticas. Apreciamos mesmo este momento, um verdadeiro embalo de calma e tranquilidade antes do regresso... Pelo caminho de regresso ainda conseguimos para no Jardin d'Arboriculture Frutiere e no Palais Rameu... Fantástico!
É fascinante... juntar toda esta flora e fauna num parque dentro de uma cidade agitada mas ao mesmo tempo com a sua pacatez do Norte de França. Lille foi uma das grandes surpresas desta longa jornada, até porque já havíamos andado por perto, inclusive a atravessar a fronteira para a Bélgica e nunco nos detemos perante esta pérola de inegável beleza, qualidade de vida e sustentabilidade.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.