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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Fonte da Imagem: Própria
A vida é feita, bem o sabemos, de pequenos nadas que é o que mais conta para o nada que somos no fácil e correntio.
Vergílio Ferreira, in "Conta Corrente II"
Aqui nunca se falou de comida, aliás, já se falou muito de comida mas nunca se mostrou a verdadeira iguaria. Desta feita, e posto que o fim-de-semana foi caseiro, também resolvi trazer para aqui um bom pitéu!
Por natureza, sou esquisito com o peixe (se fosse só com o peixe...) e depois de uma ida ao mercado, lá veio um peixe-espada preto para casa! Não foi bem um peixe-espada, afinal o peixeiro é um indivíduo daqueles com quem rapidamente se cria uma boa amizade e logo se ofereceu para fazer um trabalho que eu não desejo a ninguém mas que teria de ser feito se não existisse tanta simpatia - transformar o peixe-espada em filetes!
Feito o trabalho, e como estamos a falar de cerca de dois quilos e meio, aproveitei os rabos e dediquei-me ao ceviche, um prato da América do Sul. Para os peruanos é até parte do seu património cultural, ou não fosse o Perú o país com o registo mais antigo desta iguaria.
Devo falar da receita? Sempre a posso colocar nos comentários, no entanto o resultado final foi este:
Eu sei que podia ser melhor e que isto não é um espaço culinário e que pode ser o primeiro passo para assassinar o blog, mas tenho de pelo menos mencionar os ingredientes utilizados:
-filetes de peixe-espada preto
-cebola roxa
-malagueta vermelha
-coentros frescos
-sal iodado
-batatas pequenas
-pimenta moída na hora
-limão
-abacate
-manga
-abacaxi
-azeite
Todavia, o Robinson na cozinha precisa de utensílio fundamental e não é a bimby - cá em casa não existe. É a música... Cozinhar sem música e sem uma boa companhia não é nada agradável, pelo que, a companhia da alemã, um copo de Moscatel de Setúbal, Quinta da Bacalhôa, colheita de 2014 e ritmos andaluzes foram a escolha! Por acaso, é algo que acontece com alguma frequência, mas enfim...
Entre os vários escutados, destaco uma das minhas musas musicais: Estrella Morente, a cantora de flamenco granadina e que tem também o seu espaço nas playlists cá de casa. A música que escolhi, foge um pouco a alguns registos da cantora e até já serviu de banda sonora ao filme "Volver" de Pedro Almodovar, com Penélope Cruz e Carmen Maura - acham que aquela voz a cantar no filme era a Penélope? O filme valeu aliás, o Óscar, o Goya e o Leão de Ouro a Penélope.
Esta é uma música que fala de memória, de regressos, de medos do passado e que... Não tem nada que ver com ceviche... Mas fica a nota, nem tudo tem de ser linear.
Hoje, até porque não dá muito trabalho, cheguem a casa, não liguem a televisão e coloquem a Estrella Morente a cantar e atirem-se ao ceviche - cuidado é com o peixe que precisa de ser muito fresco. Eu sugeriria a versão de Morente para "La Noche de mi Amor" ou então na voz e a presença da costa-riquenha Chavela Vargas, mas isso já é entrar num mundo que não é o nosso e requer um artigo só para ela.
Boa Semana e apaixonem-se...
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