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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Imagens: Robinson Kanes e GC
Hoje o dia é de subida... A manhã está calma apesar do mar não dar tréguas. No Porto Velho, a animação do costume, entre os lobos do mar, um engravatado, o alemão e nós! Depois do café com leite e das tostas mistas - a "toxta mixta" como nos recomendou o nosso amigo germânico - é hora de colocar os viveres para o dia no carro e avançar.
A Zona Central está calma, algum vento, a neblina habitual e uma enorme vontade de subir serra acima. Chegamos e apeamo-nos através do caminho vermelho, como lhe chamamos e que, para mim, é sempre uma imagem que associo aos Açores. E aí vamos nós na esperança de apreciar a vegetação e as marcas da Macaronésia, nomeadamente a Floresta Laurissilva.
Agora com mais vento, mais neblina, mas a casmurrice faz-nos continuar - mal sabemos que a chegada ao "topo das Flores" (914m de altitude) vai ser bastante enovoada - todavia, ainda conseguimos a panorâmica desejada e que, para nós, seria o ponto alto da caminhada - a Lagoa Branca! Paramos, abastecemos o estômago, ainda temos de subir a furar o nevoeiro e o vento!
Casmurros, mais uns metros à frente, temos a sensação que estamos a subir o Evereste, a neblina é cerrada, o vento torna-se forte! Aguentamos, não sei se nos arrependemos ou não, mas aguentamos! Aguentamos e pensamos nas dificuldades que teriam as gentes da Fajã Grande para atravessarem a ilha e dos pastores que noutros tempos por ali pastavam os seus rebanhos - ainda hoje o fazem, mas em muito menor escala. Pitoresco... bucólico, mas duro... O tecido social dos Açores não se desenhou com facilidades e o que hoje admiramos encerra séculos de vidas muito duras.
Iniciamos a descida, a próxima paragem são as vistas para as "Falésias da Costa Oeste". Regressar ao carro é ótimo - apesar do frio não ser muito, a humidade já causava os seus danos. Paramos para apreciar a água que, levada pelo vento interrompe a sua marcha em direcção ao solo e é devolvida à origem.
Voltamos a apreciar as cascatas, agora com uma vista de cima. Imaginamos o espectáculo que ali está a acontecer. A tentação de regressar ao Poço da Ribeira do Ferreiro é enorme e voltamos a colocar a mesma na lista de prioridades diária. O vento aumenta de intensidade mas não desmobilizamos, sentimos o ar do Atlântico a invadir-nos, sentimo-nos parte daquela natureza, queremo-nos sentir na pequenez de sermos humanos.
A vegetação nesta área da ilha é simplesmente bela, apelativa e muito favorecida pelo tempero do oceano. Desde o Morro, desde a mais rasteira à mais elevada, proporciona a nossas delícias e "empata-nos" no nosso regresso a Santa Cruz onde somos convidados por um dos colaboradores da Caixa Geral de Depósitos a ficar na ilha!
Apesar da proximidade, o regresso a Santa Cruz é sempre demorado, existem sempre novos locais, novas preciosidades que chamam a nossa atenção... É tudo isto que torna uma pequena ilha num pedaço de terra enorme.
Continua...
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