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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Imagens: Robinson Kanes e GC
Acordamos e a manhã está mais calma... Algum vento e chuva durante a noite mas agora a tranquilidade regressa. Ansiosamente vamos tomar o pequeno-almoço... Sem luxos, não é necessário, mais uma vez, somos surpreendidos com a savoir faire do senhor Rogério. Conversamos mais um pouco com o nosso anfitrião e vamos dar um último passeio por Santa Cruz aproveitando também para resolver algumas questões profissionais à distância.
A vila está a acordar, as pessoas circulam pelas ruas e retomam as suas vidas, como todos os dias e felizes. Aproveito para assistir a essa rotina, como sempre gosto de fazer, no entanto, o mar chama por mim e retorno para bem perto deste. Quero dizer adeus a estas águas, quero despedir-me do Corvo, quero ali ficar a minha manhã...
Observo, mais uma vez, as pessoas... Passo pela lota, está fechada, nestes dias os barcos não terão saído ao mar e além disso também já não é hora de estar aberta. Observo as embarcações em terra e imagino as mesmas por aquele mar agitado, retomo ao Mar Santo que Redol imortalizou em "Uma Fenda na Muralha". Imagino o mar em rabiosa, imagino aqueles homens naquelas águas... E eu que também conheci de perto, na minha infância, as vidas dos lobos do mar.
A GC liga-me e diz-me que tem a sua burocracia tratada... Vou buscá-la, quero trazer os olhos dela para junto dos meus e ficarmos sentados a apanhar o leve sol que toca a ilha e a sentir aquele vento carregado de sal. Observamos agora a força dos homens contra a força do mar... O homem tenta vencer o mar, mas será sempre uma batalha perdida no longo prazo. Deparamo-nos que dois dos indivíduos que desafiam o mar viajaram connosco naquele voo "inesquecível" do Corvo para as Flores. Depois de enfrentar ventos que não lembram a ninguém e de sermos sacudidos como se fôssemos flocos de neve naquelas recordações que se compram nas cidades ou pelo Natal, eis que ainda alguém tem de lutar contra a fúria do mar a reclamar o que é seu.
São horas, é preciso ir almoçar... Almoçar para apanhar o voo de estômago aconchegado... Mais uma vez a salada com aquele molho especial, o queijo divinal e um bacalhau com natas escangalhado na travessa que, devo admitir, me assustou quando colocado na mesa! Na verdade, e porque não quero ser injusto com ninguém (e nem comigo próprio), está no top três dos melhores pratos de bacalhau com natas que já comi. A sobremesa, óptima... Sei que foi mas já não consigo precisar o que era...
A nossa pressa em sair, como se o aeroporto estivesse a duas horas de caminho fez sorrir o senhor Rogério! Mas era chegada a hora e foi a vez de dizer adeus a mais um amigo! Um amigo que cozinha como ninguém e mais uma daquelas pessoas que nunca esqueceremos!
No aeroporto, a tensão do costume, até porque o vento sopra agora com alguma intensidade. Mas eis que o Q400 chega e embarcamos. Embarcamos com destino ao Faial, com uma paragem na Terceira... E é nesse voo e em todas as peripécias que tiveram lugar (e foram muitas horas) até chegarmos à Horta que encontrámos gente singular e única, como só nos Açores se pode encontrar. A grande maioria com um objectivo de viagem que nos surpreenderia e faria pensar em como realmente este povo merece a nossa admiração! Talvez venha a falar disso um dia... Talvez não...
Pelo meio, mais um regresso a São Miguel tinha ficado pelo caminho devido à intempérie que se abateu sobre as Flores... Uma Foi talvez o melhor que nos aconteceu...
Fim
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