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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Hilaire-Germain-Edgar Degas, Cena na Praia (National Gallery)
Fonte da Imagem: Própria
Terei sido só eu, ou foram mais alguns que sentiram que no mês de Abril o país parou? Aliás, continua parado pelo menos até ao final da primeira quinzena de Maio, que começou com um feriado logo no dia 1 e uma espécie de feriado (para privilegiados) no dia 13.
A sensação com que fiquei, foi de que em Abril, salvo em algumas áreas, o país esteve completamente a meio-gás. Seria interessante ver o lado positivo - para o turismo e restauração foi bom com toda a certeza - mas também o lado negativo... até porque o Verão, na cabeça de muitos, já está aí e....
O problema, em meu entender, não residiu na questão de existirem vários feriados. Parece-me que a grande questão está relacionada com o facto de, em Portugal, sempre que existe um feriado (especialmente se for entre uma segunda-feira e uma sexta-feira) toda a semana que antecede ou que segue a esse mesmo feriado fica condicionada. Uma espécie de long-term happy friday.
Dou um exemplo: quantas vezes não ouvimos “para a semana vai ser difícil fazer isso", ou "agendar uma reunião por causa do feriado, já sabe como é”. Ao que sei, o feriado é apenas de um dia, mas na mente de muito boa gente, o contágio é tal que a semana se transforma toda ela numa espécie de feriado. Nesse campo, Abril foi um mês atípico! Foi a antevisão da Páscoa, com as férias e com a Páscoa propriamente dita, foi a ponte e o feriado do 25 de Abril, foi o fim de semana prolongado do 1 de Maio e vai ser a visita do Papa!
O problema é que Julho e Agosto estão aí e não é de todo incomum ouvirmos dizer em Junho, “isso agora só lá para Setembro, depois das férias”, isto sem esquecer os feriados desse mês de Junho!
A isto junta-se a dificuldade do regresso. Parece que o regresso ao trabalho arranca tão devagar que o dia seguinte ao feriado é revestido de uma espécie de long-term blue monday. Quem nunca se debateu por reparar que à segunda-feira, por exemplo, é por vezes, impossível conseguir que alguém faça alguma coisa? É um arrastar de zombies à procura de se alimentarem da carne e do sangue do fim do dia.
Mais interessante ainda, é quando não temos/aproveitamos tolerâncias de ponto, não gozamos férias nesses dias, trabalhamos mais, ou vemos o nosso trabalho parado, porque muitos estão de “férias” e aquando da chegada dos mesmos após esse período somos olhados de lado porque... vamos descansar... um pouco o síndrome de quem trabalha no Verão (muitas vezes a fazer o trabalho dos colegas) e quando vai de férias em Setembro ou Outubro é olhado de soslaio ou então ainda ouve um “outra vez de férias, rica vida!”.
Honestamente, não sei até que ponto é que não estamos também a dar feriado e descanso à nossa economia... e à sustentabilidade das nossas vidas.
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