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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
René Magritte - La Clef des Champs (Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid)
Imagem: Robinson Kanes
O caminho para o inferno está pavimentado de racionalização.
Robert Sapolsky, in "Comportamento"
Por estes dias andamos "todos" em festa com a "Web Summit", mesmo que, também por cá, seja uma minoria que saiba e se preocupe realmente com isso. O ruído em torno dá a ideia de uma mobilização em massa, nada mais errado. Contudo, é importante percebermos que a tecnologia está aí e veio para ficar, ignorar a mesma é ficar na Idade da Pedra.
No entanto, neste país desenvolvido, como seria se no grau máximo do desenvolvimento faltasse a água na "Web Summit"? Desde que não faltasse a internet acredito que muitos conseguiriam sobreviver meses sem água. Mas se faltasse? Se as torneiras secassem mesmo que um ministro afirmasse que havia água para toda a gente e perante provas cabais depois dissesse que afinal nem havia água? Se mesmo em frente o Tejo secasse, por exemplo? Só não nos preocupamos tanto com o Tejo porque em Lisboa temos o Atlântico e não parece existir redução de caudais...
Que manobras mediáticas e de comunicação faríamos para dizer que está tudo bem? Chamávamos o célebre Mário Lino para dizer que afinal também a margem norte da região de Lisboa é um deserto? Poderíamos contar com os ambientalistas do costume (Zero e outros.... Ambientalistas?), com os "Verdes" que estão podres nada fazerem, com o PAN que anda a ver se ninguém fala do silêncio deste depois do Estudo de Impacte Ambiental no Montijo e até do Bloco de Esquerda, o anti-capitalista que segue o PAN no Montijo, mas que entretanto é social-democrata apesar de gostar de uma festa bem regada com euros. O que fazer?
Também neste país desenvolvido parece que uma prática com anos tem vindo a ser descoberta porque existem pessoas que finalmente perceberam que a tecnologia não é uma feira de vaidades e também está ao serviço da população, sobretudo na divulgação de um país podre social e culturalmente.
Parece que as agressões a bombeiros e a vandalização de quartéis já é um hábito de norte a sul com especial incidência a sul, mas só agora chega aos ouvidos de todos (agora com a ocultação de raças, credos e crenças dos envolvidos)... Reina a impunidade neste país desenvolvido, onde se criou um "Fort Knox" para um evento privado, altamente subsidiado, não acessível a todos, pseudo-elitista (embora querem que pensemos que é mesmo de elite), sem envolvimento da comunidade, mas se permite que aqueles que salvam vidas apanhem no lombo perante a total ausência de punição e o silêncio ensurdecedor de autoridades locais, regionais e nacionais.
Vivemos num país demasiado evoluído, tão evoluído tecnologicamente que quem tem tecnologia de ponta (e passo a redundância) na ponta dos dedos ainda não tem liberdade, coragem e à vontade para ver que os caudais dos "seus" rios estão a secar e que reina para alguns indivíduos uma espécie de impunidade que ninguém consegue compreender.
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