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Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Créditos: https://lengstorf.com/remote-work-everyone-wins/
Para algumas chefias, um empregado a trabalhar a partir de casa é um risco para a organização: é um preguiçoso que não quer vir trabalhar, um verdadeiro baldas. Mas também é um reflexo de uma certa tacanhez provinciana do "se eu cá estou tu também tens que estar".
De facto, não sou defensor do trabalho sempre a partir de casa, é fundamental criar uma interacção humana fundamental para o exercício de qualquer profissão e até para o bem-estar. Além disso, existindo (porque nem sempre existe), o espaço físico da organização acaba por ser uma parte da identidade e da cultura da mesma.
No entanto, e é por aqui que me parece oportuno iniciar, surgem várias mais-valias quando é possível (e reforço, quando possível) estar em home-office ou até em remote. Extraordinariamente o espírito de equipa é mais desenvolvido e mais bem trabalhado. Estranho, não é? Afastamos as pessoas e elas começam a trabalhar melhor! Trabalham melhor a comunicação, sentem-se mais ligadas umas com as outras no sentido de alcançar um objectivo comum onde cada um desempenha um papel fundamental. Por incrível que pareça é mais fácil alguém em remote estar mais ligado aos seus pares do que se trabalhasse lado a lado com estes. Até as reuniões via "Skype" ou "WebEx" se tornam mais produtivas e muito mais reduzidas em tempo.
E convenhamos, acabam-se muitos problemas, nomeadamente o gossip, os ódios, a competição desmedida e que em nada abona o trabalho quando em equipa. É também claro que esta minha afirmação não se aplica a todos os contextos, aliás, quando acima mencionei a questão da identidade e cultura não foi por acaso. Existem ainda culturas onde o gossip é mal visto e por isso não se aplica essa variável - em culturas do sul da Europa além de ser tolerado é altamente alimentado por muitos quadros médios e respectivas chefias.
Outra questão que se coloca é a produtividade. Quando estamos sempre num local rodeados de pessoas e de elementos distractores a nossa produtividade tende a baixar - de repente somos atirados para reuniões com as quais não contávamos, temos de ajudar alguém (muitas vezes porque esse alguém não quer fazer o seu trabalho), temos de atender o telefone do colega, temos de ouvir o fim de semana banal do colega num Turismo Rural e um sem número de distracções que nos limitam. Poderia ir mais longe a ainda mencionar que não são raras as vezes em que muitos colaboradores apenas estão no local de trabalho e trabalham mais horas porque sim!
Também não são raras as situações em que assistimos a colaboradores que cumprem o horário mas com uma alta taxa de produtividade e que sofrem na pele o facto de não serem desleixados e não se comportarem como aqueles que saiem tarde (mas não chegam cedo) ou simplesmente fazem horas e mais horas sem ninguém entender bem o porquê! Recordo-me de, em tempos, e já com a madrugada a fazer-se anunciar, de estar a trabalhar com uma colega de uma outra empresa que recebeu via Wattsapp uma mensagem da chefia que partilhava com todos os colaboradores a seguinte mensagem: "é assim mesmo, tudo a bulir!". Segundo a mesma, era sempre assim e nunca com palavras de incentivo - denotem que essas equipas já estavam a trabalhar num rol de dias seguidos e nem com meia dúzia de horas de sono diárias. Perguntei-lhe porque é que não ía descansar, até porque tudo estava feito e era gente a mais para o que já havia a fazer, respondeu-me que não ficava bem!
Estranho pensarmos que a distância melhora a produtividade. Se por um lado é bom, pelo outro dá que pensar. Trabalho nos dois contextos e considero que o misto é fundamental.
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