Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Haver... Havia.... Não era grande coisa... Mas haver havia...
Iniciei a leitura das páginas da “Crónica de la conquista de Granada” (sim, em castelhano) de Washington Irving, baseada nos escritos de Frei António Agápida. História de Espanha... lê-se em castelhano.
Esta crónica relata um dos episódios históricos e sociais mais marcantes da Península Ibérica, nomeadamente, as últimas guerras da reconquista cristã... que não acabaram com a conquista do Algarve.
Se em Portugal já andávamos a explorar o continente africano, em Espanha o Reino de Granada, governado pelo rei mouro Muley Aben Hácen, ainda disputava o seu território com os Reis Católicos - Fernando II e Isabel I.
Até aqui, nada de novo... o interesse começa quando o soberano mouro deixa de pagar o tributo à coroa espanhola e decide avançar, em primeiro lugar, com as hostilidades. Mais tarde ou mais cedo alguém ia dar o primeiro passo. Também Fernando II, só não avançara porque tinha de gerir as convulsões internas do seu próprio reino e os habituais atritos com os primeiros separatistas que “Espanha” conheceu: os Portugueses.
E eis que, para minha surpresa, Muley Aben Hácen decide atacar e tomar Zahara de la Sierra, um pueblo andaluz situado no Parque Natural de Grazalema e que faz parte da “Rota dos Pueblos Blancos”. Esta tomada decorreu de forma hostil com várias mortes e prisioneiros, aliás, no regresso a Granada, perante tão sanguinária campanha, muitos foram os que anteviram um cenário negro para o reino: uma espécie de castigo que chegaria muito em breve.
Zahara é daquelas imagens que não se esquecem. Da barragem, agora construída, e olhando para aquele pueblo, conseguimos imaginar as forças de Aben Hácen a invadir a fortaleza (conquistada em 1407 aos Mouros) que ainda hoje lá se encontra. Imaginamos os gritos dos seus residentes a ecoarem pelos vales até Arcos, embora a paisagem, tão bucólica, possa levar ao engano. Uma chegada ao amanhecer transmite-nos uma tranquilidade singular, uma espécie de acalmia pós-batalha e cujo cenário jamais permitirá, ao ignorante de tais factos, imaginar a carnificina que ali teve lugar na noite anterior. O principio do fim da presença muçulmana na Península Ibérica começara em Zahara a ser redigido.
Foi uma agradável surpresa, aperceber-me da importância de tão bonito local e, pelo que estou a ler, será o primeiro de muitos no que toca às peripécias da Conquista de Granada.
Fonte da Imagem: Própria.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.